Resultado 2019:
27,76% – 79 deputados
Slogan do Programa Eleitoral:
“Novos Horizontes para Portugal”
Principais Áreas de Atuação:
- Economia; e
- Produtividade.
Principais Medidas e Objetivos:
O PSD apresenta-se a estas eleições com um propósito: tornar a economia portuguesa muito mais competitiva e com maiores níveis de produtividade. De notar que, para além do programa, o partido apresenta também um cenário macroeconómico e orçamental para a legislatura. Como partido que aspira a governar que é, o seu programa vai muito além disto e propõe medidas em todos os âmbitos. Vamos espreitar as principais propostas do partido:
Impostos e Economia:
- Reduzir taxa de IRC de 21% para 17% e simplificar o imposto;
- Redução do IVA da restauração temporariamente para 6% até Dezembro de 2023;
- Redução do valor mínimo da taxa de IMI de 0,3% para 0,25%;
- Reduzir o IRS em 800M€ da seguinte forma: 700M€ para os escalões até 60.000€/ano, 100M€ para os escalões entre os 60.000€ e os 100.000€/ano;
- Fiscalidade verde com impacto orçamental neutro;
- Implementar programa de captação de grandes projetos industriais e apoio à concentração e fusão de empresas;
- Direcionar apoios europeus para a inovação e qualificação em áreas de alto valor acrescentado (ciência, tecnologia, engenharia e matemática);
- Plano de valorização e promoção do ensino profissional, escolas tecnológicas e institutos politécnicos em colaboração com as empresas.
Educação e Natalidade:
- Majoração do abono de família em 50% para o 2º filho e 100% para o 3º filho;
- Aumentar a licença parental de 20 para 26 semanas a partir do 2º filho;
- Universalização das creches e jardins de infância na rede social, pública e privada;
- Dar autonomia às escolas na definição do número de alunos por turma;
- Instituição de academias orientadas em exclusivo para a formação de futuros diretores e coordenadores de estabelecimentos de ensino;
- Reforma do ensino profissional com reforço da componente de aprendizagem em contexto de trabalho;
- Provas nacionais no final de cada ciclo;
- Despenalizar as reformas antecipadas dos docentes;
- Construir novas residências universitárias, através de reabilitação pública, de modo a duplicar o número de alunos em residências;
- Implementar programas e benefícios fiscais que promovam a contratação de doutorados nas empresas. Apenas 3% dos doutorados em Portugal fazem investigação empresarial, a média na UE é 35%;
- Formar 20% da população ativa na área digital e inteligência artificial até 2026.
Saúde e SNS:
- Introduzir no SNS uma política de saúde mental, saúde oral e cuidados até ao fim da vida;
- Alargar o sistema SIGIC das listas de espera para cirurgias às consultas de especialidade médicas hospitalares e meios complementares de diagnóstico e terapêutica;
- Reorganizar o sistema de saúde e rever a Lei de Bases da Saúde com um novo modelo de financiamento e prestação de serviços, com forte aposta na digitalização.
Justiça:
- Criar um plano de contingência para recuperação de atrasos processuais;
- Criação de secções de competência especializada em insolvências;
- Dar prioridade ao combate à corrupção e crimes conexos.
Ambiente e Energia:
- Implementar Planos Municipais de Descarbonização;
- Criação de um Programa para Restauro e Revitalização de Zonas Estuarinas, adaptando-as às alterações climáticas;
- Programa para Ação Climática, Transição Energética e Ecoinovação: um novo quadro de medidas e incentivos direcionados para projetos inovadores em linha com os objetivos de ação climática e sustentabilidade;
- Programa AIA 2.0: criação de apoio aos procedimentos de Avaliação de Impacte Ambiental, com recurso a tecnologias de inteligência artificial;
- Aumentar espaços verdes nos centros urbanos.
Opinião:
O programa eleitoral do PSD está muito em linha com o discurso que Rui Rio tem vindo a fazer desde que é líder do partido: um excelente diagnóstico dos problemas, mas soluções muito avulsas e sem grande conteúdo. A leitura do programa é boa para quem pretende entender as falhas da governação socialista e quais os problemas crónicos do país, à semelhança da CDU.
Há propostas neste programa que me mobilizam ao voto no PSD, mas continua a faltar um caminho claro. Embora o cenário macroeconómico tenha uma mais-valia para o eleitor quantificar os resultados práticos das medidas, não há grande substância na forma de construir o novo horizonte prometido. No campo das intenções, parece-me ser o partido com soluções e objetivos mais pragmáticos e menos radicais (por comparação com a IL ou CDU, os grandes partidos do crescimento, ironicamente).
Há alguns dados que são de facto alarmantes e é o PSD que os lança, nomeadamente a percentagem ínfima de doutorados a fazer investigação empresarial, revelador da dificuldade que é ligar a investigação e desenvolvimento ao tecido empresarial. No entanto, tenho pena que pouco se tenha falado destes temas nos debates televisivos e campanha eleitoral. Há muitas ideias neste programa que precisam ser espremidas e, infelizmente, não têm sido devidamente.
Já no que diz respeito à justiça, tópico que Rui Rio insiste (e bem) em frisar com recorrência, não apresenta propostas concretas dignas de uma reforma, a informação é bastante de difusa. O PSD não altera muito o caminho que vem a traçar desde 2019, mas não ficarei admirado se o poder lhe cair nas mãos por cansaço e desgaste de António Costa e o seu governo.
João Martinho Galhofo
Gestor formado na NOVA School of Business & Economics. No trabalho, como na vida, procura sempre soluções pragmáticas e produtivas. Acha que tudo na vida é política. Tem como interesses: Política, Economia do Desenvolvimento e, mais importante, Futebol.
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