Resultado 2019:
9,52% – 19 deputados
Slogan do Programa Eleitoral:
“Razões Fortes, Compromissos Claros”
Principais Áreas de Atuação:
- Defesa do SNS;
- Recuperação de rendimentos; e
- Clima.
Principais Medidas e Objetivos:
O Bloco de Esquerda dá o mote para estas eleições com a mensagem de que é importante reforçar a esquerda e que esse reforço só se faz mediante um voto no seu partido. A generalidade do programa gira em torno do Serviço Nacional de Saúde e nos contributos que o BE pode dar para a sua “salvação”. A versão simplificada do programa divide-se em 5 capítulos, dos quais destaco as seguintes medidas:
Resposta à Crise Climática:
- Criação do Ministério da Ação Climática;
- Expansão do Metro de Lisboa e do Porto e investir no metro de superfície na região de Coimbra e do Algarve para fomentar o uso de transportes públicos;
- Terminar com as PPP’s a nível nacional;
- Criar apoios às famílias com vencimento abaixo de 2.000€ por mês para aquecer a casa;
- Descer o IVA da eletricidade e gás para 6%;
- Criar um Banco Público de Terras com o objetivo de passar para o Estado os terrenos abandonados e atribuí-los a quem queira trabalhar neles.
Problemas que a Pandemia Tornou Visíveis:
- Aumentar o salário mínimo 10% todos os anos para combater o problema dos baixos salários;
- Repor o pagamento das horas extraordinárias, valor e duração do subsídio de desemprego pré-troika;
- Proibir os patrões de terminar com os acordos coletivos de trabalho;
- Reduzir o horário de trabalho para 35 horas semanais e reduzir a semana de trabalho de 4 dias;
- Integrar como trabalhadores efetivos todos aqueles que estejam em regime de trabalho temporário ao final de 6 meses;
- Acabar com o fator de sustentabilidade e retirar o corte nas pensões de quem se reformou entre 2014 e 2018;
- Investir no SNS, aumentado o peso do seu orçamento no PIB;
- Eliminação de todas as taxas moderadoras;
- Transformar o Laboratório Militar num laboratório nacional de produção de medicamentos;
- Aumentar número de vagas para a formação em Medicina Geral e Familiar;
- Criação de Gabinetes de Prevenção e Tratamento de Ansiedade e Depressão nos centros de saúde;
- Criar regime de exclusividade de médicos no SNS, aumentando benefícios e salários em simultâneo;
- Criar um Serviço Nacional de Cuidados;
- Aumentar valor do RSI, subsídio de desemprego e criar Rendimento Social de Cidadania destinado a situações extraordinárias, como apoios especiais durante a pandemia.
Uma Economia Pela Igualdade:
- Implementar regime de rendas máximas de habitação;
- Impossibilitar a penhora de uma casa onde vive uma família;
- Construir 50 mil habitações públicas com renda apoiada;
- Terminar com os benefícios fiscais aos fundos imobiliários;
- Instituir um prazo mínimo de 5 anos nos contratos de arrendamento;
- Criar um imposto sobre doações e heranças superiores a 1 milhão de euros e sobre fortunas superiores a 2 mil salários mínimos;
- Criar um novo escalão de imposto para empresas com lucro acima de 20 milhões de euros;
- Instituir impostos sobre mais-valias na transação de criptomoedas;
- Terminar com as isenções fiscais sobre imóveis dos partidos e misericórdias;
- Tornar crime o enriquecimento injustificado e expropriar quem o pratique;
- Terminar com os vistos Gold;
- Nacionalizar as empresas de importância estratégica (ANA, CTT, REN, EDP e GALP) para o país e a totalidade da banca;
- Pagar parte da dívida com dinheiro que o Estado tem guardado para responder a crises de mercado e reservas do Banco de Portugal;
- Renegociar a dívida com os credores para pagar juros mais baixos.
Tornar Mais Fortes os Serviços Públicos:
- Possibilitar reforma antecipada sem penalizações aos professores perto da idade da reforma para abrir espaço a novas gerações;
- Instituir uma compensação para professores deslocados;
- Internet e equipamentos informáticos gratuitos para todos os alunos;
- Terminar com as propinas nas licenciaturas e diminuir nos mestrados e doutoramentos;
- Criação de uma Lei de Bases da Cultura para facilitar o acesso à cultura;
- Instituir uma quota para produção musical e audiovisual portuguesa independente;
- Criação de um Serviço Nacional de Justiça (gratuito e fácil acesso) e aumentar o salário dos advogados públicos.
Vida em Sociedade:
- Tornar violação crime público;
- Aumentar para 50% representação mínima de mulheres no parlamento;
- Expandir a legislação sobre maus-tratos animais de modo a incluir os que são usados na agricultura, criação e venda e para fins de espetáculos comerciais;
- Terminar com o apoio público às atividades tauromáquicas e proibir as corridas de galgos;
- Regular consumo de canábis para uso recreativo;
- Alargar direito de voto aos 16 anos de idade.
Melhores Políticas Europeias:
- Retirar Portugal da NATO;
- Obrigar os EUA a pagar uma indemnização pelos danos ambientais causados na Base das Lajes;
- Promover o abandono do acordo entre a UE e a Turquia;
- Alterar cálculo do défice do Estado, não incluindo os gastos com serviços públicos essenciais e metas ambientais.
Opinião:
O Bloco de Esquerda apresenta-se a estas eleições com uma grande causa: o SNS. Nada mais previsível. Na ausência de uma justificação realmente plausível para rejeitar o Orçamento do Estado, o BE vira-se para um tema mais sensível para os portugueses. É aqui que os portugueses poderão encontrar os bastiões da defesa da saúde pública. Não interessa como, isso é acessório. O país tem problemas crónicos de crescimento económico, mas o BE não dedica sequer um parágrafo do programa à produtividade e ao crescimento.
Sobre organização económica, por melhores intenções que possa ter, o custo de renacionalizar as empresas privatizadas e, em simultâneo, controlar publicamente a totalidade da banca é um conto de fadas no qual poucos poderão realmente acreditar. Não menosprezando as críticas justas que são feitas à gestão da banca em Portugal, que tem deixado muito a desejar, o BE apresenta muito pouco. Se somarmos a isto um aparente ódio visceral ao lucro e ao setor privado, não vejo mesmo como o BE se propõe a cumprir o que promete.
Sinalizo positivamente o contributo que o BE deu nas comissões de inquérito aos barões portugueses que sistematicamente têm gozado com os contribuintes, assim como para a recuperação de rendimentos, importantíssima para iniciar um caminho de recuperação económica que era urgente em 2015, mas, como o salário médio e a produtividade ainda não se aumentam por decreto, o BE esgota-se em si mesmo. Poderá continuar a ser a 3ª força política, mas não tenho dúvidas que será penalizado nas urnas.
João Martinho Galhofo
Gestor formado na NOVA School of Business & Economics. No trabalho, como na vida, procura sempre soluções pragmáticas e produtivas. Acha que tudo na vida é política. Tem como interesses: Política, Economia do Desenvolvimento e, mais importante, Futebol.
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