Férias marcadas para o final de agosto e início de setembro – duas semanas que deram para aproveitar bastante a beleza nacional. Desde a Costa da Caparica às Caves do Vinho do Porto em Gaia, passando por Aveiro, houve ainda tempo para ir à Serra da Estrela, destino sobre o qual me vou debruçar de seguida.
Peguei no carro, parado há alguns meses, levei a companhia da minha irmã, uma mala com o essencial, e o drone, marquei alguns pontos essenciais no mapa para visitar e fizemo-nos à estrada.
Primeiro dia – acordar cedo e iniciar o trajeto. Arrancámos desde Vila Franca das Naves, com a primeira paragem a ser em Linhares da Beira, aldeia histórica do concelho de Celorico da Beira. Aproveitámos o fresco da manhã para caminhar pelas ruas da Aldeia Medieval e entrar no Castelo, onde apanhámos aquela brisa fresca do Vale do Mondego, para nos irmos preparando para a serra.
Continuando o nosso trajeto, seguímos para a Serra da Estrela. Ao subir a serra, parámos, como não poderia deixar de ser, para ver a Cabeça do Velho. Tirámos as clássicas fotos e prosseguimos até à praia fluvial mais alta de Portugal – Vale do Rossim. Estávamos a 1400 metros de altitude. Encontrámos ali um belo Wallpaper – aquela água transparente a convidar a banhos, a contrastar com a verdura das árvores e o granito das rochas transmitia uma sensação de calma e tranquilidade. Nas férias é mesmo isso que se pretende. Aqui está um local para mais tarde voltar e aproveitar com mais tempo.
Seguindo caminho, a próxima paragem foi a Rota das Faias em Manteigas. Entre curvas e contracurvas, subidas e descidas, chegámos ao destino. Parámos, olhámos, e só vimos um casal a iniciar o percurso. Não se passava nada ali, estava calor, pegámos nas mochilas e água e fizemo-nos ao caminho, sem saber bem para onde ir. Seguimos a pé, até que apanhámos uma bifurcação passado alguns metros, e agora? Esquerda ou direita? Seguimos pela direita, pois era mais a direito.
Mais uns metros a caminhar e começámos a ficar cercados de faias, de um lado e do outro. Faias com alguns metros de altura – espetacular! Olhávamos para cima e só conseguíamos ver o sol por entre os ramos das faias – mais um local magnifico. Continuámos a caminhar no meio das faias, a apreciar, tirar fotos para recordação. Uma caminhada que vale a pena. Não fizemos a rota toda, pois a fome já começava a apertar. E com a fome que estávamos tínhamos de almoçar bem para repor energias. Foi então que encontrámos o restaurante “Paragem Serradalto” em Manteigas. além da vista fantástica sobre a vila e a serra, comi um bife de vitela com queijo da serra delicioso. recomendo.
Rota das Faias © João Oliva
Já de barriga aconchegada, partimos para o próximo ponto, o Poço do Inferno. Mais um lugar calmo. No entanto, quando chegámos ao Poço para ver a cascata, esta estava seca – consequências de um ano seco. Contudo, é um local certamente com outra beleza noutra altura do ano.
A seguir, o GPS levou-nos até ao Vale Glaciar do Zêzere, e rapidamente percebi que tinha valido a pena lá ter ido. Posso dizer que foi dos meus locais favoritos. Aquela água, apesar de gelada, convidava a entrar, não fosse o almoço forte. É um lugar encantador, tanto pela água como pela envolvente do vale.
Vale Glaciar do Zêzere © João Oliva Vale Glaciar do Zêzere © João Oliva
Continuando a estrada, parámos no Covão d’Ametade, onde o Rio Zêzere começa a ganhar forma. Porém, devido à seca, acabámos também aqui por não ver água, sendo mais um motivo para voltar no inverno. Apesar de tudo, conseguimos apreciar os três cântaros que se erguem em torno do covão d’Ametade ,- Cântaro Raso, Cântaro Magro e Cântaro Gordo. Além da magnífica paisagem e tranquilidade que sentimos neste local, também é um excelente lugar para passar um dia em família, pois tem imenso espaço para fazer piqueniques.
Cântaros Raso, Magro e Gordo © João Oliva Covão d’Ametade © João Oliva
Com o primeiro dia a acabar, subimos até ao ponto mais alto da serra, como não poderia deixar de ser, a torre era um local de paragem obrigatória. Não havia neve mas havia pôr-do-sol, e foi isso que contemplámos enquanto procurávamos um lugar para passar a noite. Após uma rápida pesquisa, e porque em época de Covid a procura é pouca e a oferta é muita, encontrámos um sítio perfeito nas Penhas da Saúde – a Pousada da Juventude da Serra da Estrela.
Após o merecido descanso, seguimos para o segundo e último dia de viagem. A primeira paragem, também ela essencial sempre que se frequenta esta zona do país, foi a Lagoa Comprida, a maior lagoa da Serra da Estrela. Além da lagoa, aproveitámos para fazer o trilho a pé até ao Covão dos Conchos.
Lagoa Comprida © João Oliva Covão dos Conchos © João Oliva
O dia estava ótimo, o céu limpo, perfeito para iniciar a caminhada. Contudo, começámos o percurso sem saber qual a distância que iríamos percorrer. Andámos, andámos, e foram quase 5 km até ao Covão dos Conchos. Apesar do cansaço, a beleza da paisagem ajudou a seguir caminho e, finalmente, chegámos ao destino. Tudo para ver a água a escorrer pelo “funil” que a encaminha até á Lagoa Comprida. No entanto, como já referi anteriormente, a altura do ano para observar este fenómeno não foi a melhor, pois não havia água suficiente para a vermos ser “sugada” pelo buraco. Apesar de tudo, valeu pela caminhada.
Já com 10 km nas pernas, descemos até Loriga onde acabámos por almoçar no restaurante Império e seguimos depois até à Praia Fluvial de Loriga. Não sendo nosso objetivo ficar ali, pois estava muita gente, deu para conhecer e apreciar as piscinas naturais da praia, bem como toda a envolvente.
A viagem seguiu até mais uma praia fluvial, desta vez o Poço da Broca, também ele com muita gente, o que não é de admirar, pois o tempo estava quente. A praia é lindíssima e tem uma cascata espetacular. É um lugar para apreciar no inverno e aproveitar para banhos no verão, assim como a Praia Fluvial de Loriga.
O caminho iria seguir para um local já fora do Parque Natural da Serra da Estrela. No entanto, ao passar na aldeia de Vide, fomos surpreendidos pois a aldeia, apesar de pequena, cativou a nossa atenção pela sua beleza e pela Ponte Romana que atravessa o Rio Alvôco. Parámos, demos uma volta e aproveitei para lançar o drone.
Aldeia de Vide © João Oliva
A viagem prosseguiu para um dos pontos planeados – Foz d’Égua localizada na Serra do Açor, concelho de Arganil. É um local que parece ter sido tirado de um filme, tal o seu encanto natural. Inserido no meio da serra, podiam muito bem ter filmado ali o “Hobbit”. As construções em Xisto, as duas ribeiras que desaguam para formar a praia fluvial e as duas pontes de xisto criam um postal muito atrativo para contemplar e dar um mergulho.
Foz d’Égua © João Oliva
Para finalizar, não é difícil adivinhar o destino final – Piódão pois é claro. Mais uma Aldeia de Xisto. Ainda na estrada vislumbrámos um conjunto de casas construídas em xisto na encosta da Serra do Açor. Com muitas janelas, todas dispostas em socalcos, todas muito parecidas e com a Igreja matriz a contrastar. Percebe-se o porquê de a apelidarem de “Aldeia Presépio”. Foi a vaguear pelas ruas quentes em Xisto que terminámos a nossa Roadtrip pelo interior do país.
Piódão © João Oliva Piódão © João Oliva
João Oliva
Engenheiro do ambiente e mestre em sistemas energéticos sustentáveis. Como Interesses tem: Viagens, Desporto, Cultura, Comida, Animais e Ambiente.